26 fevereiro 2010

25 fevereiro 2010

CABAZES DE NATAL e "CANTO DAS JANEIRAS"

As verbas resultantes da venda dos cabazes de Natal no Jardim de Infância foram utilizadas para aquisição de aquipamentos para utilização nas actividades das crianças, nomeadamente, um computador e um leitor de DVD.
Também com a iniciativa do "Cantar as Janeiras" levada a cabo pelas crianças e pais do ATL, na Atouguia e Fontaínhas da Serra, o dinheiro angariado foi utilizado para adquirir um DVD para a Atouguia e mobiliário para as Fontaínhas da Serra.
Agradecemos a todos os que contribuiram nesta iniciativa adquirindo as rifas ou abrindo as portas para que as crianças pudessem uma vez mais saudar a chegada do novo ano.
A todos os nosso bem haja.


18 fevereiro 2010

OS MEDOS DOS NOSSOS FILHOS

Por proposta da nossa equipa de psicólogas, publico um texto sobre os medos, que poderá ser objecto de reflexão para pais e educadores em geral e até mesmo dos filhos:

Tenho medo de…

Medo!

Achas que és medroso? Às vezes, ter um pouco de medo é bom, porque… imagina que não tínhamos medo de nada. Éramos capazes de ver um buraco no chão e meter lá a mão sem pensar no assunto duas vezes. Todavia, o medo é como um alarme que nos avisa: — Olha, tem cuidado, que pode ser que haja um bicho venenoso! Ele faz-nos agir com precaução e, desse modo, não nos acontece nada. Por vezes o alarme é distorcido e temos medo de coisas que não representam qualquer perigo, como, por exemplo, de uma mosca. Nesse caso, o medo já não é bom, porque se torna tão incómodo e tão pesado que não nos deixa fazer nada.

Tenho medo de…

É possível ter-se medo de ir ao dentista, dos automóveis, das cobras, dos lápis, dos monstros, da montanha-russa, das trovoadas, das pastilhas elásticas, do escuro, dos cães, do cabeleireiro, dos óculos, das ratazanas, das aranhas, dos extraterrestres, dos mosquitos, da música, do ruído, dos relâmpagos, de algumas pessoas… e de todas as coisas que possas imaginar! No entanto, de certeza que nesta lista existem vários medos que te dão vontade de rir, não é verdade?

Não vejo nada

Fundiu-se a lâmpada do corredor e tens uma vontade imprescindível de ir à casa de banho. Vais pedir a alguém que te acompanhe, mas ninguém está disposto a ir contigo. Olhas para o caminho que tens de percorrer e este parece compridíssimo!
Mas não te preocupes, podes usar uma lanterna e fingires que és um explorador: o corredor da tua casa pode transformar-se num túnel fantástico! É normal que tenhas um pouco de medo do escuro, porque não consegues ver nada; mas, se aprenderes a brincar nele, verás que é muito divertido. Ânimo, corajoso!

Vai-te embora, trovoada!

Avistas um relâmpago no céu e de seguida, catrabrrum! Ouve-se um trovão que faz imenso barulho. Não sabes porquê, mas, sempre que há uma trovoada, sentes-te muito mal. Toda a gente te diz que não deves ter medo das trovoadas, que não acontece nada… mas, para ti, parece que o céu está a rasgar-se! Se fosse por ti, nunca haveria trovoadas. Porque não experimentas observar uma trovoada através de uma janela? Ou tenta tapar os ouvidos. Daqui a uns tempos, quando conseguires olhar para elas, vais ver que são fantásticas.

Pequenos animais

É normal que alguns animais nos causem medo, porque são perigosos, como é o caso dos leões, das cobras ou das vespas. Contudo, há outros animais que não fazem mal nenhum, como, por exemplo os gatinhos ou coelhinhos. E, sendo assim, vai em frente e aproxima-te sem receio! Se lhes fizeres festas, verás que são como bolinhas de algodão.
No entanto, não te armes em valente! Deves ter muito cuidado com os animais que não conheces, porque alguns deles têm muito mau génio. Não te esqueças de que, às vezes, não faz mal nenhum ter um bocadinho de medo.

Não quero ir ao médico!

O médico toca-te na barriga com as mãos frias, põe-te um pauzinho na boca e manda-te dizer “aaaaa!” e às vezes chega a picar-te para te dar uma injecção. Mas isso também não é assim tão terrível!
Olha para o nariz dele, ou para a cor do seu cabelo, ou então vê bem se ele tem sardas na cara. Se te distraíres, sentir-te-ás mais tranquilo enquanto ele te examina para ver se estás forte e saudável. E, se lhe contares o que te mete medo, o médico vai ter muito mais cuidado. De certeza que ele é muito amável e carinhoso!

Pesadelos

Vais para a cama muito cansado e, depois de já estares a dormir há um bom bocado… Ahhh, um pesadelo horrível! Acordas de repente, tremendo de medo. Precisas que alguém te abrace e te proteja. Pouco a pouco vais ficando mais calmo e, finalmente, voltas a adormecer e agora sim, vais ter um sonho muito bonito.
Os pesadelos provocam muito medo, mas não passam de sonhos e, quando acordas, eles desaparecem por completo. Não lhes dês muita importância, pois eles são muito aborrecidos e antipáticos!

Vamos à água!

Tens medo dos lagos, dos rios, do mar, da piscina… enfim, de qualquer lugar que tenha muita água? Ou talvez tenhas medo dos animais que imaginas haver debaixo de água? Mas podes ter a certeza de que eles têm muito mais medo do que tu!
A melhor maneira de começar a perder o medo da água é metermo-nos dentro dela, aos poucos.
E, dentro de algum tempo, poderás vir a ser um grande nadador ou um marinheiro fantástico. Ou então, quem sabe, até mesmo um mergulhador!

Não me deixes sozinho!

Hoje a mãe do Afonso aborreceu-se imenso. Começou a gritar e disse que ia dar uma volta, porque não aguentava mais. O Afonso ficou em casa com o pai… e ficou muito triste.
Tem medo de que algum dia os seus pais se vão embora para sempre, porque os ama muito!
Por vezes, os pais precisam de estar fora de casa durante muitas horas… e até mesmo durante algumas semanas! No entanto, embora estejam longe, estão sempre a pensar em ti. Nunca se esquecem de ti!

Monstros

Um bicho com muito pêlo, sem pêlo nenhum… ou um fantasma?
Aaah! Seja lá o que for, mete muito medo. É um monstro que se esconde pelos cantos, no escuro, nos pesadelos, debaixo de água… É um monstro terrível, pior do que qualquer outro. É o monstro da tua imaginação! Às vezes, a imaginação prega-te enormes partidas e faz-te pensar em monstros horríveis, mas não penses muito nisso, porque não te podem fazer mal nenhum.

Não posso falar!

O que é que preferes? Estar num quarto às escuras ou no meio de um grupo de pessoas que não conheces de lado nenhum? Por vezes parece que dá mais medo estar entre gente desconhecida, não é verdade? É como se as palavras quisessem sair e nós ficássemos calados sem saber para onde olhar e… ufa, o que nos apetecia era desaparecer!
Talvez todo o medo que sentimos por dentro pudesse sair se disséssemos algo, como por exemplo:
“Olá, o meu nome é Marta.” E o que mais poderíamos dizer?

Ruídos horríveis

Aí está, começa a festa e não podem comemorá-la sem fazer barulho. Quando menos esperas, bum, rebenta um balão! E tu até tens medo de balões, de trovões e de música demasiado alta! O ruído causa-te tanto medo que, quando vês um balão, desatas a correr!
No entanto, não gostarias de ouvir ruídos fortes sem teres que saltar como um canguru, com o susto que apanhas? E se, para começar, tentasses acostumar-te com os ruídos mais fraquinhos? Até poderia ser divertido!

Ai, ai, ai!

Caíste e… ai! Fizeste uma ferida que deita sangue! É normal que te assustes quando sangras, mas deves ser corajoso e acalmar-te enquanto os adultos te tratam.
Para te distraíres, podes pensar em coisas que sejam da cor do sangue, como por exemplo o tomate, as rosas, os morangos…
A dor que sentes é muito boa, porque te avisa que deves ter cuidado com a ferida até que esta esteja curada. Desse modo, prestarás mais atenção e não vais ferir-te mais.

Sem medo

Não tenhas medo de ter medo, pois não tardarás a ver que este se vai, aos poucos, tornando cada vez mais pequeno, até que acaba por desaparecer. Todavia, não percas o medo de todo: é sempre bom sentir um bocadinho de medo.

O MEDO - DICAS PARA OS PAIS

Também por proposta da equipa de psicólogas, publico algumas dicas que poderão ser usadas pelos pais para lidar com os medos dos filhos:

Medo!

O medo é uma reacção natural, que nos protege de situações que podem tornar-se perigosas.
O nosso corpo dá-nos indícios desse perigo com diferentes sinais, tais como: o suor, o aumento do ritmo cardíaco e respiratório, a tensão muscular, etc., preparam-nos para reagir perante uma situação inesperada.
As crianças, quando sentem medo ou temor de alguma coisa, reagem chorando ou gritando. Desta forma chamam a atenção dos adultos, que são os que se encarregarão de fazer frente a um possível perigo. A reacção dos adultos é muito importante para elas, visto que eles são o modelo a seguir. Assim, elas vêem que diante de algumas coisas que lhes pareciam terríveis, tais como um fogo-de-artifício ou um trovão, os adultos estão tranquilos e chegam mesmo a rir-se. Vêem que não se trata de um perigo terrível, de modo que podem acalmar-se, porque os adultos, que são os responsáveis pelo seu bem-estar, não têm medo. Perante situações perigosas, há que ensiná-las a ser prudentes, mas sempre com reacções proporcionais ao tipo de perigo que aquelas situações representam.

Lista de medos

Cada criança é única; por isso, as coisas que assustam as crianças e a idade em que cada medo se manifesta variam muito de criança para criança, e até mesmo de uma cultura ou esfera social para outra. Ainda assim, regista-se uma relação muito generalizada entre a idade e o aparecimento de determinados medos. A lista seguinte serve apenas de orientação:
* Até à idade de um ano, as crianças pequenas têm medo dos estímulos intensos e de tudo o que é desconhecido para elas, como, por exemplo, as pessoas. O medo das pessoas desconhecidas, em geral, diminui até ao ano e meio de idade.
* Entre os 2 e os 4 anos surge o medo das trovoadas, dos animais e das catástrofes. Essa também costuma ser a idade em que as crianças começam a ter medo do escuro, medo esse que normalmente desaparece até aos nove anos.
* Entre os 4 e os 6 anos aparece o medo dos monstros imaginários, como as bruxas e os fantasmas e o medo da separação dos pais.
* Entre os 9 e os 12 anos os medos distintos estão mais relacionados com as coisas do quotidiano, tais como os acidentes, as doenças, os conflitos com os pais, o insucesso escolar, etc.


Que podemos fazer para prevenir o medo

É muito importante vigiar o tipo de modelo que representamos diante das crianças, uma vez que este é o primeiro exemplo de comportamento que elas conhecem. Face a um perigo real, há que educá-las para que sejam prudentes, evitando contudo a superprotecção. A aprendizagem pode comportar um certo grau de temor: conhecer gente nova, aproximar-se de um animal desconhecido, subir umas escadas especialmente altas… Diante de qualquer situação desconhecida, a criança pode sentir um pouco de medo. É enfrentando esse temor que se aprende e se assume que se é capaz de o dominar. Por outro lado, é muito importante não utilizar o medo como ferramenta educativa: ameaçar uma criança com um monstro que virá se ela não se portar bem, fechá-la num quarto às escuras, etc.

O que devemos fazer face ao medo

Quando uma criança se sente assustada, devemos evitar rir-nos dela ou do seu medo. Há que desvalorizar a situação, mas tendo sempre em atenção que isso está a assustar a criança. Não devemos compará-la com outras crianças que não têm medo, nem falar diante de terceiros dos medos da criança e de como isso nos preocupa. Também não devemos obrigar a criança a enfrentar de forma brusca aquilo que ela teme, nem ameaçá-la e lembrar-lhe o seu medo. Ao fim e ao cabo, não temos que dar uma importância excessiva ao medo infantil, mas devemos, isso sim, respeitar o que a criança sente e evitar ridicularizá-la sozinha ou em frente de terceiros.

Quando o medo se torna demasiado grande

Às vezes é difícil para os pais determinar quando um medo infantil requer alguma forma de terapia. Nestas idades, as reacções das crianças podem ter a intensidade suficiente para nos fazerem duvidar da sua “normalidade”. Para diagnosticar se um medo se transformou em fobia, há que ter em conta a idade da criança e o tempo de persistência do temor. Em caso de dúvida, se se notar que a criança sofre e que o temor afecta a sua vida quotidiana, poderá procurar-se o aconselhamento profissional de algum especialista.

Conclusão

Sentir medo ante diferentes estímulos faz parte dos sentimentos humanos, independentemente da idade que tivermos. Aprender a superar o medo é uma capacidade que a criança pode começar a criar desde muito pequena: quanto mais compreensão e confiança tivermos com ela (e ela connosco), tanto mais fácil será enfrentar aquilo que lhe causa medo. E este expediente continuará a aplicar-se durante a idade adulta. Não se trata apenas de superar o medo, mas sim de estabelecer as estratégias para que cada um o consiga fazer.